A alimentação também pode ser aprendida — com paciência, técnica e afeto

A alimentação também pode ser aprendida — com paciência, técnica e afeto

Crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) frequentemente apresentam seletividade alimentar, recusa de certos alimentos, hipersensibilidade a texturas, cheiros ou temperaturas, e até fobia de comer. Esse comportamento não é “frescura” — é parte de uma condição sensorial e comportamental que precisa de intervenção especializada.

A Terapia Alimentar é indicada justamente para ajudar essas crianças a terem uma relação mais saudável e funcional com os alimentos, promovendo o prazer ao comer, a autonomia na alimentação e o equilíbrio nutricional necessário para seu desenvolvimento.

Por que muitas crianças com autismo têm dificuldades para se alimentar?

Alguns fatores comuns incluem:

  • Hipersensibilidade sensorial: aversão a certas texturas (pastoso, crocante, úmido), cheiros ou temperaturas
  • Rigidez comportamental: resistência à mudança de marcas, cores ou apresentação dos alimentos
  • Dificuldade de mastigação ou deglutição
  • Medo de engasgar ou experiências traumáticas com a alimentação
  • Déficits na comunicação: não conseguem expressar preferências ou desconfortos
  • Associação negativa com a hora de comer (ex: pressão, brigas ou restrições severa

Esses fatores podem levar a desequilíbrio nutricional, perda de peso, dificuldade de crescimento ou até complicações metabólicas.

Como funciona a Terapia Alimentar?

As sessões são conduzidas por terapeutas ocupacionais ou fonoaudiólogos com formação em alimentação e TEA, e seguem etapas cuidadosamente planejadas:

  • Avaliação sensorial, nutricional e comportamental da criança
  • Exposição gradual a novos alimentos, respeitando o tempo e as reações sensoriais
  • Brincadeiras com alimentos, para gerar curiosidade e aceitação
  • Construção de rotina alimentar previsível
  • Uso de reforços positivos e estratégias motivacionais
  • Integração com pais e cuidadores, que são orientados a aplicar as técnicas em casa

A meta principal não é apenas “fazer a criança comer”, mas transformar a alimentação em um momento de conquista, prazer e cuidado

Benefícios da Terapia Alimentar

  • Aumento da variedade de alimentos aceitos

  • Melhora da qualidade nutricional e ganho de peso saudável

  • Redução da ansiedade e resistência na hora das refeições

  • Melhora da autonomia (comer sozinho, usar talheres)

  • Menos conflitos entre a criança e os cuidadores

  • Alimentação mais leve, saudável e prazerosa para toda a famíli

Para quem é indicada?

A Terapia Alimentar é indicada para crianças com TEA que:

  • Apresentam seletividade alimentar intensa

  • Recusam certos grupos alimentares (frutas, legumes, carnes, etc.)

  • Têm aversão a texturas, cheiros ou cores específicas

  • Comem de forma muito limitada ou com risco nutricional

  • Demonstram comportamento de ansiedade ou estresse durante as refeições

Comer bem também é parte do desenvolvimento

A nutrição é essencial para o crescimento, o aprendizado e o equilíbrio emocional da criança.
Na Clínica do Autismo, nossa equipe multidisciplinar trabalha com protocolos especializados em Terapia Alimentar, sempre com respeito, paciência e estratégias baseadas em evidência.

Curiosidade

Você sabia que existem crianças com TEA que só comem alimentos da cor branca ou só aceitam comidas crocantes? Isso pode estar ligado a uma hipersensibilidade sensorial específica, que a Terapia Alimentar ajuda a reorganizar.